Até meados dos anos de 1980 a maior parte das organizações baseavam a medição e gestão do seu desempenho organizacional quase exclusivamente em medidas e indicadores financeiros. Esta forma de medir e gerir o desempenho organizacional possuía muitas limitações. Os indicadores (também designados por KPI – Key Performance Indicators) tinham características essencialmente retrospetivas, o que apesar de dizer muito sobre o passado, pouco ou nada diziam sobre o futuro. Rentabilidade dos capitais próprios, rentabilidade das vendas ou rentabilidade do ativo eram alguns dos exemplos de indicadores utilizados frequentemente pelas empresas.
O desconforto gerado pelas limitações dos indicadores financeiros, principalmente num mundo dos negócios mais complexo e mais dinâmico, começou a promover alternativas de medição do desempenho organizacional que não fossem exclusivamente baseadas numa abordagem financeira. Assim, mesmo admitindo que os indicadores financeiros possuíam um papel fundamental, principalmente para as entidades com fins lucrativos, as organizações começaram a utilizar, de forma complementar, indicadores não financeiros, alguns ligados às vendas, outros à estrutura interna. Exemplos de indicadores não financeiros são o índice de satisfação dos clientes, a quota de mercado, o índice de satisfação dos trabalhadores, só para citar alguns dos mais utilizados.
No início de 1992 é publicado, pela primeira vez, um artigo na Harvard Business Review sobre o Balanced Scorecard. Os autores são Robert Kaplan, professor conceituado na Harvard Business School, na área da contabilidade de gestão, da também conceituada Universidade de Harvard, e David Norton, um consultor de gestão especializado na medição do desempenho organizacional. Este artigo, intitulado “The Balanced Scorecard: Measures that Drive Performance”, foi baseado num projeto de investigação efetuado em várias empresas para estudar a medição do desempenho organizacional em empresas, cujos ativos intangíveis representassem um papel fundamental na criação de valor. Os autores acreditavam que se as empresas melhorassem a gestão dos seus ativos intangíveis, teriam que integrar a mensuração dos ativos intangíveis nos seus sistemas de gestão.
Neste primeiro artigo o Balanced Scorecard é apresentado como “um conjunto de medidas que proporcionam uma rápida, mas abrangente visão do negócio”. Apesar de uma evolução mais recente para um sistema de medição e gestão do desempenho organizacional, a verdade é que os primeiros passos foram dados como um sistema de medição do desempenho organizacional. Depois da publicação do artigo na Harvard Business Review, várias empresas optaram por implementar e utilizar o Balanced Scorecard. Também muitos outros artigos e livros foram publicados, alguns de cariz académico outros de cariz mais profissional. Hoje o Balanced Scorecard é implementado e utilizado em organizações de todo o mundo, sejam empresas (pequenas, médias ou grandes), sejam entidades governamentais ou mesmo organizações sem fins lucrativos.
Por: Paulino Silva